
Caminhos de Buda
MEDITAÇÃO
COSTUMES
A meditação é um método usado por várias escolas budistas para interiorizar os ensinamentos de Buda Shakyamuni. É quando o ser humano entra em contato com a sua parte mais interna: a mente. É nesse contato, de acordo com a tradição Kadampa, que conseguimos nos livrar das inquietações mundanas e nos aproximar da felicidade plena.
Tudo começou com Siddartha Gautama, um príncipe muito rico do reino Shakya, na Índia, território que hoje corresponde ao Nepal, que percebeu a necessidade de entender a própria mente, já que era a causa do seu sofrimento. Assim, ele abdicou da vida de príncipe e retirou-se nas montanhas para meditar e alcançar a libertação. Com isso, Buda Shakyamuni mostrou ao mundo a importância da meditação.
Há, porém, algumas escolas budistas que não praticam a meditação, realizam apenas rituais e preces. Por isso, o missionário Renato Landim de Sousa do templo budista japonês Nambei Higashi Honganji de Campinas não comenta a meditação neste vídeo.



Roteiro de edição:
Nicole Zuñiga
Edição de Imagens:
Manoella Curi
ALIMENTAÇÃO BUDISTA
Um dos ensinamentos de Buda Shakyamuni é a compaixão, por isso, a alimentação budista tibetana deixa de lado alguns alimentos que são tradicionais em uma dieta ocidental. Não comer carnes, seja vermelha ou branca, é um exemplo disso. Os budistas acreditam que todos os seres vivos têm uma mente e assim desejam se livrar do sofrimento. Por isso, buscam sempre algo que seja orgânico ou que cause o menor sofrimento possível para outros seres. No geral, substitui-se a carne por ovos, queijo, cogumelos, verduras ricas em proteínas, grão de bico e soja.
A compaixão por todos os seres, de acordo com o budismo tibetano, significa perceber que a vida de um ser humano não é mais importante que a de um animal, seja uma formiga, seja uma vaca. A intenção dessa abdicação é mostrar especialmente que a felicidade e o sofrimento dos seres humanos não são maiores do que as dos animais.
Há uma explicação entre a relação de karma e a alimentação carnívora. “Para comer carne, alguém tem que ter morrido. Você não acumula o karma de matar e depois comer, mas o de comer. Tudo isso volta...”, explica o monge Kelsang Geden.
O importante é lembrar que essa alimentação é aderida pela maioria dos budistas tibetanos, mas não é uma obrigação. O que Buda ensinou é o bom senso e não o radicalismo. “Na verdade é por escolha própria, não existe uma dieta regrada. O budismo visa ser positivo, construtivo, que as pessoas possam melhorar a vida delas. Portanto se uma pessoa precisa de proteína animal, no sentido de precisar de carne, é obvio que essa pessoa deve comer carne porque precisamos cuidar de nós pra podermos ajudar os outros.”, esclarece Kelsang Dadrag, um dos monges mais jovens da tradição Kadampa no Brasil.
Já na escola budista Jodo Shinshu, de origem japonesa, não há restrições quanto à alimentação. Mesmo assim, antes e depois de cada refeição é feita uma prece, agradecendo a vida de um ser vivo para alimentar outro.
OFERENDA AOS BUDAS
Como se fosse uma visita querida, os Budas recebem “presentes” de seus seguidores. Os copos com água colocados nos altares são oferendas feitas pelos budistas em agrado e reconhecimento da proteção das divindades. Os altares são como uma lembrança das práticas budistas, que devem ser mantidas em mente todo o tempo.
O ato de ofertar é muita maior que o simbólico copo com água. O budismo entende que Buda Shakyamuni e as outras divindades não necessitam de coisas materiais, mas é de bom grado que se fazem as oferendas. Como a um amigo querido que esteja de visita. O ato de ofertar é muito mais benéfico ao praticante, é uma maneira de se aprender o desapego de tudo aquilo que pertence ao mundo e reforça a ideia de compartilhar, valor cada vez mais raro nas sociedade contemporânea. As oferendas podem ser feitas de diversas formas, é possível que se oferte um pouco de comida, chá e outros bens, mas eles não precisam ser colocados fisicamente no altar e sim mentalizados, expandindo seu sentido para todos os seres da terra. Pode-se ofertar comida aos budas com a intenção de que ninguém passe fome, ou água, para que nenhum ser morra de sede.
Por isso, a tradição tibetana tem o costume de fazer oferendas nos altares representadas por sete copos com água. Eles representam sete oferendas principais, são elas: água de beber, água para se limpar, flores, incenso, luz, perfume e comida. Também músicas e mantras podem ser oferenda aos budas.
Os mestres budistas dizem que é importante pensar que as divindades se alegram com as oferendas e, por elas, um kharma positivo vai se construindo. Há uma história muito antiga de um menino que, não tendo nada o que oferecer ao Buda, encheu suas mãos de areia e imaginou que aqueles grãos eram ouro em pó. Sua oferenda foi tão verdadeira que, posteriormente, o menino nasceu como o Imperador Asoka, um dos maiores reis da história da Índia.

Mestre budista indiano Atisha (982-1054). Foto: Mariana Rodrigues

A água representa as sete oferendas. Foto: Mariana Rodrigues

Água para beber, água para lavar os pés, flores, fragância, luz, perfume para o corpo e comida. Foto: Mariana Rodrigues

Mestre budista indiano Atisha (982-1054). Foto: Mariana Rodrigues